segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Lembranças

Algumas lembranças que carrego comigo:
Lembrança 1:
Estou na minha FAZER 250cc voltando para a república onde moro após um longo dia de trabalho. De repente um rapaz de aproximadamente 15 ou 16 anos atravessa a rua. Percebo que ele não me vê, então eu começo a buzinar... buzino novamente e ele não me vê. Tento virar mas não consigo acabo batendo a ponta da manopla esquerda da moto no peito do menino. Tento equilibrar a moto, quase consigo inclusive, mas os punhos das duas mãos estão doendo. Meu pé direito bate na sarjeta da calçada e de repente eu e a moto estamos em cima dela. Me vejo raspando sobre as paredes e portões e quando me dou conta estou deitado no chão. Está é uma lembrança que me incomoda quando estou tentando dormir. Ela é como um filme que em certas noites fica rebobinando e rodando, rebobinando e rodando
Lembrança 2
Estou andando em uma rodovia movimentadíssima que corta Monte Alto(SP). Estou em minha moto andando a quase 100km/h. De repente uma caminhoneta (D10) corta a rodovia e aparece bem na minha frente (detalhe, não há rotatoria e nem acostamento). Bato em sua lateral dianteira à esquerda.
Durante o impacto a minha moto sobe dando um giro no ar. Eu caio e saio rolando pelo asfalto. Quando paro de rolar eu estou no meio da pista então eu saio engatinhando procurando a lateral da pista onde possa ter mais segurança. Sinto uma fisgada no meu quadril que dói é minha bacia que fraturei durante a queda ao chão.
Lembrança 3
O ano se me lembro bem é 1988 durante a inauguração do Aeroporto asfaltado de Bebedouro (SP). Eu estou com oito anos vendo e apreciando maravilhadamente as acrobacias da esquadrilha da fumaça, quando de repente um dos aviões voa tão baixo sobre os espectadores que muitos ficam assustados pela ousadia do piloto. Chegando ao centro do aeroporto ele da um giro de 360 grau e cai de bico no chão. Milésimos de segundo após a queda vejo sair o tipo de um relâmpago do avião e em segundos o som e depois uma fumaça escura...
lembrança 4
Estou com 6 anos. Meu pai chega mal humorado do trabalho como sempre. Ele pede o "cordãozinho de ferro" para minha mãe. O "Cordãozinho de ferro" é fio conector do ferro de passar da minha mãe.
Ela entrega o objeto que meu pai pediu e ele começa a bater no meu irmão mais velho. Apenas com uma mão ele conseguia nos segurar, com a palma da mão sob a nossa boca ele nos segurava e abafava os gritos de dor ao mesmo tempo.
Ao ver meu irmão mais velho apanhando eu corro até minha mãe. ela está cortando o frango para o jantar. Pergunto a ela: "mãe porque o pai tá bateno ni nóis?" e ela responde: "é porque teu irmão foi mal na escola hoje!". Lembro de tudo o que aconteceu naquele dia, lembro também dos detalhes assim como os próprios erros na pronunciação. Naquele dia eu apanhei tanto que minhas pernas se machucaram e levantaram vergões de tanto apanhar.
Até hoje eu não sei porque o meu pai batia tanto assim em mim e nos meus irmãos.
Hoje quando eu pergunto a ele, ele me diz que não lembra destas vezes e não gosta que tocamos nestes assuntos. Eu diferente dele me lembro muito bem, como se fosse ontem.
Estas são algumas lembranças que carrego comigo. elas são como pedras que ao invés de ficar chutando eu tento deixa-las para traz como amigas, mas sem pedir licença elas aparecem. Quando eu conto essas lembranças para alguém eu me sinto desnudado. Sinto uma certa vergonha pelo que aconteceu, porém eu me sinto melhor momentos depois.
Com estas lembranças eu me sinto o cara mais sofredor do mundo, porém eu sei que há pessoas que sofrem e sofreram muito mais que eu.
Imagino o trauma que deve ser uma criança que sofreu abusos sexuais de pessoas que ela admirava ou amava...
Com certas lembranças não podemos apenas esquecer. hoje sei que o único remédio e colocar tudo isso nas mãos de Jesus e pedir para ele o auxílio de deixar estas pedras pra traz... como amigas.

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